O Pr. Humberto Schimitt Vieira, Presidente da AME Heróis da Fé, e o Pr. Hubert Gbenakou, Supervisor Ministerial para África, Ásia e Oceania, saíram do Brasil no dia 25 de outubro para uma grande viagem missionária por alguns países do Continente Africano. Confira, a seguir, o primeiro relato enviado pelo Pr. Humberto e permita que o Espírito Santo impulsione seu coração a fazer algo pelas almas perdidas:
Gostaria de, desde o primeiro dia, estar mandando informes diários para os irmãos. Porém, a intensa atividade que desenvolvemos nos impediu de fazê-lo.
A chegada foi traumática.
Chegamos em Lusaka, Zâmbia, na quinta-feira, dia 26 de outubro, às 12h30min, após 18h30min de viagem.
O Pr. Hubert achava que tinha tirado o visto pela Internet, mas não. Assim, ele ficou detido por umas três horas, e eu fiquei com ele, em solidariedade.
Finalmente, deixaram-no entrar no país. Porém, com a confusão do visto, quando ele saiu da imigração, a polícia nos deteve, achando que éramos traficantes de drogas disfarçados de pastores, pois não entendiam por que estávamos querendo entrar se a nossa igreja não existe no país.
Ficamos mais uma hora sendo interrogados, até que se convenceram de que éramos pastores. No final, estavam bem amigos e pediram desculpas, solicitando, ainda, que abríssemos nosso trabalho em Zâmbia.
Quando saímos, fomos recebidos por dois dos irmãos que solicitaram o trabalho do Ministério Restauração, vinculado à Associação Missionária e Evangelística Heróis da Fé, aqui.
Eles alugaram uma BMW com uns trinta anos de uso, por 45 dólares a diária. Achei “fantástico” o carro: todas as luzes do painel que indicam que o carro está com algum problema acendiam, o que, obviamente, significava que o carro estava prestes a ter um colapso. Parecia o painel de uma nave espacial. O ar condicionado não funcionava, de forma que íamos pegando o bafo do ar quente da rua, com uma temperatura ao redor dos 35°C. Lembrei do nosso glorioso fusca!!!
Quando fomos sair do estacionamento do aeroporto, mais uma peripécia: o irmão não tinha dinheiro para pagar o estacionamento, pois haviam ficado mais de quatro horas nos esperando, e a conta foi de K130, por volta de 13 dólares.
Paramos o carro no sol e se travou uma árdua negociação de quase meia hora. Meus cartões não serviam. A atendente não aceitava os dólares. Finalmente, o irmão deixou sua carteira de motorista com ela e ficou de voltar no dia seguinte para pagar a conta.
Daí, fomos para o hotel, bem simples e antigo. Tomamos um banho e, quando fomos jantar, estava havendo o culto de uma das igrejas que usa o pequeno auditório do hotel como templo. As pessoas estavam se endemoninhando e o pastor não conseguia expulsar.
Na sexta-feira pela manhã, tivemos uma reunião com um grupo de irmãos, de diversas igrejas, que solicitaram o trabalho do Ministério Restauração vinculado à AME Heróis da Fé.
Durante a tarde e início da noite, fizemos um tour pela cidade, em especial nas favelas ao redor da Capital do país, Lusaka. O centro da cidade tem edifícios modernos, e há muitos bairros de classe alta e média. Entretanto, a grande massa está abrigada nas favelas. Em algumas delas, nem mesmo a polícia entra, segundo nos informaram nossos irmãos.
Em Lusaka, convivem duas Áfricas: uma, moderna, desenvolvimentista, com mansões, avenidas largas, carros importados novos e muitos estrangeiros; a outra, uma África tradicional, de mercados ao ar livre, de pessoas cozinhando na rua em fogareiros a carvão (o gás é muito caro), de crianças correndo nuas pela rua, de casas sem banheiro (usam banheiro comunitário), de casebres de lata.
INÍCIO DO SEMINÁRIO
No sábado, iniciamos o seminário. Ministramos dois cursos: “Poder e Autoridade” e “Vida Cristã”, tomando como texto as publicações de mesmo título da Editora Ramo da Videira, em Inglês. A ministração dos cursos se estendeu até quinta-feira, com aulas das 9h às 17h, com intervalo para almoço – exceto na quarta-feira, quando houve jejum coletivo e, portanto, não houve intervalo ao meio-dia.
No domingo, não tivemos o seminário, pois os alunos foram participar dos cultos em suas respectivas igrejas.
Fomos, então, em uma igreja que funciona em uma tenda, no pátio de uma escola. Na mesma escola, funcionam mais três igrejas em tendas instaladas no pátio, e mais 22 igrejas instaladas nas suas salas de aula.
É assombroso o número de igrejas, cada qual com seu bispo, apóstolo ou reverendo.
No culto em que fomos, havia uma “formatura” de pastores: na verdade, jovens que haviam feito um curso de implantação de igrejas de quatro meses, e que no mesmo dia em que se “graduaram” já foram ordenados.
Houve um momento do culto em que pensei que estavam todos endemoninhados, dançando a “dança da garrafa”, ao som frenético de uma música cantada por uma jovem com uma minissaia de malha tão apertada que retratava a sua intimidade.
Domingo foi um dia preocupante para mim.
Não bastasse ver o estado miserável de uma igreja “Pentecostal”, ao sair pela cidade, depois de presenciar aquela calamidade, deparei-me com o resultado de a igreja de Jesus ter perdido as armas que Deus usou na igreja primitiva para evangelizar o mundo.
No primeiro século da igreja, Deus permitiu a perseguição para que a Sua igreja perdesse o amor pelo mundo e por sua terra, e saísse por todas as nações.
Hoje, no entanto, os crentes estão amando o mundo, apegados às suas terras.
Enquanto isso, islâmicos e hindus estão invadindo os países com seus “missionários”, que, na verdade, são pessoas comuns, que vão pelas nações, formam suas comunidades, e, a partir dali, promovem o avanço de sua fé.
O que vi naquele domingo foi justamente isso: uma gigantesca mesquita muçulmana e um gigantesco templo hindu desafiando as igrejas de lata e lona de Jesus.
Zâmbia é um país que cresce quase 7% ao ano. Hindus, muçulmanos e chineses estão enriquecendo nessa onda de crescimento. Chegam com uma mochila, e logo estão construindo mansões e andando com seus carrões.
Enquanto isso, os cristãos ocidentais estão amontoados em suas cidades, amando o seu torrão, e não admitem que Deus possa levá-los para outro lugar.
Na segunda-feira, recomeçamos o seminário. Foram dias muito intensos. Se ministrar, embora entre dois, das 9 às 17h, já é cansativo, muito mais ainda quando é em uma língua que não dominamos plenamente, como é o caso do Inglês.
O dia começava às 5h da manhã, com oração, e o trabalho diário, com ministração, reuniões e visitas, se estendia por catorze horas.
Mas Deus deu graça.
Um dos pastores que participou do seminário se chama Tutu. Depois de fazer um ano de seminário para padre, ele se converteu em uma igreja independente.
Quando o seu pastor morreu, o filho assumiu seu lugar e mundanizou a igreja, obrigando Tutu a deixar aquela igreja.
Ele, então, foi transferido no seu trabalho para uma cidade perto da fronteira da Zâmbia com Moçambique. Certo dia, cruzou a fronteira e foi incendiado por Deus para evangelizar aquela nação.
Sua esposa incentivou-o a fazê-lo, ficando ela, irmã Irene, encarregada de suprir a casa com seu trabalho enquanto Tutu fazia a obra de Deus.
Depois, quando ela ficou desempregada, venderam a casa para prosseguir no projeto divino, passando a morar de aluguel.
Faz quinze anos que ele está evangelizando Moçambique. Já fundou 18 igrejas naquele país e uma em Malawi.
Durante o seminário, ele começou a fazer perguntas. Conforme eu ia respondendo, ele se ria mais e mais e, depois, disse: “Now I found a church that think like me, think like the Bible” (agora eu achei uma igreja que pensa como eu, pensa como a Bíblia).
Ele me disse que estava orando há três anos para filiar as igrejas a um Ministério, mas não encontrava uma igreja que pensasse como ele. Perto da igreja sede do trabalho, em Tete, há um monte onde seguidamente ele passa de sete a quinze dias jejuando, pedindo a Deus que mande uma igreja de sã doutrina.
Ele quer que eu vá lá para passarem para o Ministério Restauração. Disse que, quando falou por telefone com os irmãos de lá, contando que havia achado uma igreja brasileira, todos ficaram radiantes, pois eles amam os brasileiros.
Só em uma das igrejas que ele fundou congregam 500 membros.
Ele é bem pobre. Percorre todo o campo a pé e de ônibus. E não sabe falar português com fluência, pois em Zâmbia se fala o Inglês, mas entende perfeitamente. Ele prega na língua tribal.
Juntamente com o Pr. Hubert, nos reunimos com altas autoridades de Zâmbia, com corretor de imóveis e com um advogado. Nós nos inteiramos sobre o processo para abrir a igreja e para a abertura de empresas por irmãos que, porventura, se disponham a ganhar a vida em Zâmbia e ajudar no processo de edificação de uma igreja verdadeira no meio do caos.
Nós dois terminamos o seminário exaustos, mas felizes.
Oito irmãos, após encerrar o seminário, disseram que querem permanecer no Ministério Restauração. Usaram as palavras que Pedro disse a Jesus: “para onde iremos nós, se agora encontramos as palavras de vida eterna?”
Oremos por essas obras: Zâmbia, Moçambique e Malawi. Se a porta foi aberta por Deus, permanecerá aberta, e a semente germinará e se transformará em frondosa árvore.
Saímos de Zâmbia às duas horas da madrugada de sábado. Chegamos em Adis Abeba, capital da Etiópia, às 7h15min. Estamos esperando o embarque para, às 10h, partirmos para a Costa do Marfim.
Enquanto espero e escrevo esse texto no meu celular, minha alma se entristece ao ver levas de muçulmanos e hindus chegando nessa terra que um dia foi governada pela rainha de Sabá e, mais tarde, foi evangelizada pelo eunuco que foi ganho para Jesus por Filipe.
Essa grande nação, que foi cristã por quase dois mil anos, corre o perigo de se islamizar… porque o diabo tomou da igreja as armas que Deus lhe deu.